Voyager 1 Retorna ao Funcionamento Após Perda de Contato em Espaço Interestelar, Mas o Fim Pode Estar Próximo

Voyager 1 Retorna ao Funcionamento Após Perda de Contato em Espaço Interestelar, Mas o Fim Pode Estar Próximo

Geral Notícias Tech Universo

Após um período de semanas sem contato, a sonda espacial Voyager 1 voltou a operar normalmente após a NASA resolver um problema relacionado à diminuição de sua fonte de energia. A sonda, que está a impressionantes 24,9 bilhões de quilômetros da Terra, agora está em território inexplorado no espaço interestelar. A recuperação da comunicação foi um feito técnico significativo, mas os engenheiros da NASA alertam que a missão pode estar chegando ao fim em um futuro próximo.

O Desafio: A Troca de Transmissores

O problema com a Voyager 1 começou em outubro, quando a sonda, que está a mais de 15 bilhões de milhas de distância da Terra, passou a se comunicar por meio de um transmissor de rádio S-band muito mais fraco do que o transmissor principal X-band. Essa troca foi feita de forma autônoma pela sonda, que detectou uma queda na sua capacidade de energia depois que a equipe da missão enviou um comando para ligar um dos aquecedores da nave. Esse comando fez com que o sistema de proteção automática da sonda fosse ativado, desligando sistemas não essenciais, como o transmissor X-band, e passando para o S-band.

Por conta dessa mudança inesperada, a equipe da NASA não conseguiu obter informações da sonda, nem os dados científicos coletados pelos seus instrumentos, por cerca de um mês. A situação ficou mais complicada por se tratar de um ambiente distante e inóspito, onde a comunicação com a Terra exige alta precisão e muita paciência.

A Solução Criativa e a Recuperação

Após semanas de tentativas e investigações, a equipe da NASA conseguiu restabelecer a comunicação com a Voyager 1. No início de novembro, a missão foi capaz de enviar um comando para a sonda retornar ao transmissor X-band, permitindo que os dados científicos voltassem a ser transmitidos. A equipe da NASA, que já está há mais de 47 anos à frente da missão, tem se surpreendido com a longevidade da sonda, que já superou amplamente sua missão original de explorar os gigantes gasosos do Sistema Solar.

“Essas sondas nunca foram projetadas para operar por tanto tempo ou em condições tão extremas”, afirmou Kareem Badaruddin, gerente da missão Voyager no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA. “Felizmente, conseguimos recuperar o contato e aprendemos bastante com isso”, completou.

A Luta Contra o Tempo: Energia em Declínio

As sondas Voyager 1 e 2 foram lançadas em 1977, com a missão inicial de sobrevoar os maiores planetas do Sistema Solar. Agora, mais de quatro décadas depois, elas continuam a enviar dados de regiões desconhecidas do espaço interestelar, além dos limites do Sistema Solar, onde a influência do Sol já não é sentida. Ambas são alimentadas por plutônio que, ao decair, gera eletricidade. A cada ano, as sondas perdem cerca de 4 watts de potência, o que equivale ao consumo de uma lâmpada econômica.

Apesar de já terem superado todas as expectativas em termos de duração e desempenho, a equipe da NASA agora se vê diante da difícil realidade de que o fornecimento de energia nas sondas está chegando ao fim. Em 2023, por exemplo, a Voyager 2 teve que desligar alguns de seus instrumentos científicos devido à falta de energia.

Para lidar com essa diminuição de energia, a equipe começou a desligar sistemas não essenciais, incluindo aquecedores que protegiam os instrumentos científicos. Surpreendentemente, os instrumentos continuaram funcionando, mesmo em temperaturas mais baixas do que aquelas para as quais foram projetados.

Desafios Futuros e Incertezas

Embora a comunicação tenha sido restabelecida, a equipe da NASA sabe que a margem de energia restante está se estreitando. Com menos de um watt de energia disponível para a operação de cada instrumento e sistema, a qualquer momento a missão pode ser forçada a desligar mais instrumentos para prolongar a operação da sonda.

Atualmente, a Voyager 1 ainda está operando com quatro instrumentos científicos, que são usados para estudar o plasma (gás ionizado), os campos magnéticos e as partículas no espaço interestelar. Os dados coletados por esses instrumentos são valiosos para entender melhor o ambiente fora da bolha de proteção magnética do Sol, conhecida como heliosfera.

O Legado das Voyagers

Embora o tempo da missão esteja se esgotando, o legado das sondas Voyager será imortalizado nas descobertas que elas proporcionaram. A Voyager 1, que em 1990 enviou a icônica foto da Terra conhecida como “Pálido Ponto Azul”, continua a ser a sonda mais distante da Terra, explorando o desconhecido e fornecendo dados sem precedentes sobre o espaço interestelar.

Com a comunicação restabelecida, a equipe de cientistas continua a aproveitar cada bit de energia restante para continuar as observações de longo prazo que são o foco principal da missão. “O que as sondas estão fazendo agora é uma grande observação do panorama geral do espaço”, disse Badaruddin. “E isso é o que nos mantém animados, mesmo diante da inevitabilidade do fim.”

A missão Voyager, que começou como uma exploração de curto prazo, é agora uma das mais duradouras e bem-sucedidas da história da exploração espacial, mostrando até onde a engenhosidade humana pode levar as sondas robóticas.

À medida que a Voyager 1 continua sua jornada silenciosa através do espaço interestelar, a NASA e o mundo observam com gratidão e admiração, sabendo que a missão, embora perto do fim, ainda tem muito a nos ensinar.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *